Trabalho de campo foi acompanhado pelo Secretário de Defesa Civil, coronel Albert Andrade, e pelo juiz federal Carlo Márcio Taranto
Dando continuidade à segunda etapa do ‘Proteger Teresópolis’, nesta quinta-feira, 19/08, equipes da Defesa Civil Municipal e alunos do Centro Universitário Serra dos Órgãos estiveram no Perpétuo fazendo pesquisa de campo. O projeto une a Prefeitura e o Unifeso no mapeamento dos bairros mais vulneráveis aos desastres naturais. O objetivo é criar protocolos de prevenção e de socorro específicos para a realidade climática, topográfica e geológica de cada área.
O trabalho foi acompanhado pelo secretário de Defesa Civil, coronel Albert Andrade, e pelo juiz Caio Marcio Taranto, titular da Vara Única Federal de Teresópolis, pelo coordenador do curso de Direito, Lucas Baffi, e pelo coordenador da Clínica de Direito do Unifeso, Raphael Vieira.
“O projeto tem um lado social muito forte e dá suporte para que o poder público possa construir com a comunidade uma cidade melhor. Apenas o estudo do universo real permite uma percepção exata do trabalho que deve ser feito e dos desafios envolvendo a necessidade de identificação dessas moradias e também de uma assistência do poder público aos mais necessitados”, avaliou o juiz federal Cario Marcio Taranto.
A contribuição do projeto para a construção de um banco de dados para futuras políticas públicas de regularização fundiária também foi pontuada. “Uma das nossas maiores dificuldades é com relação à parte documental das propriedades no que diz respeito às desinterdições. Essa nova fase do Proteger Teresópolis nos dá oportunidade para, em parceria com a Clínica de Direito do Unifeso, aproveitar as informações colhidas para desenvolver um trabalho relacionado à regularização fundiária de Teresópolis”, relatou o coronel Albert Andrade, secretário municipal de Defesa Civil.
Em campo
Alunos dos cursos de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Direito, Psicologia, Medicina e de Enfermagem abordaram os moradores do Perpétuo para que respondessem um questionário socioeconômico, enquanto agentes da Defesa Civil faziam avaliações técnicas das vulnerabilidades da comunidade para deslizamentos de terra ou alagamentos.
No formulário são identificadas situações como a existência de pessoas acamadas ou com dificuldade de locomoção, o grau de confiabilidade nas sirenes do Sistema de Alerta e Alarme, se os moradores conhecem as rotas de fuga e os pontos de apoio se for preciso sair de casa em caso de chuva forte, entre outras.
Lançada em junho, a coleta de dados da segunda etapa do Proteger Teresópolis começou pelo Pimentel, segue no Perpétuo e será levada ao Rosário, Santa Cecília, Barroso e Morro do Tiro. “A receptividade é muito boa, a população entende a necessidade do trabalho para contribuir com políticas públicas mais eficientes. Nesta segunda fase são quase 80 alunos, entre bolsistas e universitários, para atender uma região mais populosa do que na primeira etapa, e com muita resposta positiva da população”, avaliou Anderson Duarte, coordenador do projeto.
Para o presidente da Associação de Moradores do Perpétuo, Francisco Marques, o Proteger Teresópolis vai contribuir para que o poder público conheça melhor a realidade de sua comunidade. “Esse é um trabalho essencial para as pessoas verem as dificuldades de cada morador. A Defesa Civil fazendo isso, junto com o Unifeso, vai saber a real dificuldade de cada um e a Prefeitura poderá dar uma assistência melhor pra nossa comunidade”, comentou ele, que também coordena o Núcleo de Defesa Civil Comunitária do Perpétuo.
Choque de realidade
Durante as visitas domiciliares, os universitários veem uma realidade desconhecida por muitos deles. “O Proteger Teresópolis é um choque de realidade tanto pra saber quantas pessoas precisam de ajuda como pra ver o quanto somos privilegiados”, comentou Júlia Bergianti, do 10º período de Medicina. “E a gente consegue ajudar as famílias com orientações em várias questões, fazendo nossa parte como futuros médicos, enfermeiros, engenheiros, advogados. É bem gratificante”, disse a colega de curso, Mariana de Oliveira Santos.
“É uma experiência muito boa. Temos contato direto com a comunidade e vemos situações de vulnerabilidade que nos deixam emocionados”, relatou Maria Cristina Santos Gomes, do curso de Enfermagem. “É muito inovador e incentivador. As pessoas entendem que estamos fazendo uma pesquisa para trazer dados tanto para a área de engenharia, de saúde, e tem agregado muito”, completou Rayssa Peixoto, também cursando Enfermagem.
“Temos uma realidade em Teresópolis muito complicada por tudo o que a gente vive e passa. Esse projeto tenta minimizar esses impactos e trazer uma melhor situação aos nossos semelhantes. Poder contribuir com a sociedade é muito gratificante”, avaliou o estudante de Direito, João Filipe Coloneze.
O estudante de Psicologia Marcelo Soares trabalhou como voluntário ajudando as vítimas da tragédia de 2011, quando teve contato com situações de vulnerabilidade de solo e de habitação. “Estou morando há 5 meses em Teresópolis e achei interessante participar desse projeto de mapeamento de riscos para políticas públicas futuras, e também para entender melhor o impacto dessa realidade na vida das pessoas”, falou.
Para o coordenador da Clínica de Direito do Unifeso, Raphael Vieira, o trabalho em campo é fundamental para a formação dos futuros profissionais. “Essa é a ideia de universidade, de extensão com os problemas sociais. Só vivenciando as situações se consegue de fato oferecer resultado para essa população e para o nosso estudante, com uma boa qualidade no processo de ensino e aprendizagem”, concluiu.
Fotos: Bruno Nepomuceno