Quem passou pelo hall da Prefeitura, nesta terça-feira (2), foi surpreendido pela beleza e colorido das peças da exposição de trabalhos artesanais produzidos pelos autistas atendidos pela Apae Teresópolis. A atividade marca a adesão de Teresópolis ao Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, celebrado em 2 de abril.
Até quinta-feira (4), telas, porta-trecos decorados, porta-retratos, vasos de garrafas pet e outros artigos, criados com a sensibilidade e a inocência dos portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA), estarão expostos na entrada da Prefeitura, das 10h às 16h.
“É uma luta diária vivida pela Apae Teresópolis e pelas famílias que cuidam dessas pessoas tão especiais. A exposição realizada pela Apae, marcando o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, mostra o talento desse público, que merece toda nossa atenção e respeito”, comentou o Prefeito Vinicius Claussen, na abertura oficial da mostra. O Prefeito adiantou que os dois próximos salários recebidos por ele e pelo Vice-prefeito, Ari Boulanger, serão doados para a realização de obras estruturais, banheiros adaptados e a reativação da padaria-escola da Apae.
Marcos Jaron, secretário municipal de Desenvolvimento Social, prestigiou a abertura da exposição. “A Apae faz um trabalho extraordinário e a presidente da instituição, Margareth Rosi, que tem um filho autista, é uma grande mãe para todos eles”, destacou.
Atualmente, a Apae Teresópolis atende a 70 autistas severos, entre jovens e adultos. “Desde 1995 a Apae abraça o Projeto Florescer, de atendimento a autistas. Hoje, nosso foco é o autista adulto, que precisa de políticas públicas apropriadas, pois são adultos dependentes e que precisam de apoio. Essa exposição é uma maneira de conscientizarmos a população de que, mesmo sendo autistas severos, eles são capazes”, finalizou a presidente da instituição, Margareth Rosi.
Inclusão e capacidade
Funcionário efetivo da Prefeitura há 19 anos, Eduard Pereira, 43 anos de idade, tem a Síndrome de Asperger, que é considerado um transtorno do espectro autista. As áreas de eletricidade, eletrônica e de informática são as suas preferidas. Já passou pelas secretarias de Obras, como eletricista, de Defesa Civil, como hábil digitador de relatórios de vistorias, e desde o final do ano passado trabalha no CPD, setor responsável pela manutenção dos computadores da Prefeitura.
Por conta dos sintomas da síndrome, como déficit de atenção, timidez extrema, dificuldade de se socializar e se apegar a determinados rituais, entre outros, ele cresceu sofrendo bullying na escola. “Sempre me achei diferente e só descobri que tinha Asperger aos 35 anos, ao ver uma moça que descrevia todos os sintomas que eu tinha”, conta.
Eduard Pereira é autor de 27 textos, todos publicados no site Recanto das Letras, dos quais 22 são contos de terror. “Aproveito todo o terror que passei na adolescência, nos tempos de escola, e coloco no papel”, revela, com simplicidade.
Para ele, com o tempo vem diminuindo a discriminação com as pessoas consideradas diferentes. “Outro dia respondi a um comentário numa rede social e uma pessoa me criticou, dizendo que parecia que eu tinha déficit de atenção. E eu respondi que realmente tinha. Imediatamente ele se desculpou. Se fosse nos anos 80, eu seria tachado de ‘retardado’”, finaliza.
Foto: Jorge Maravilha